No final de março, um frigorífico de Cruzeiro do Oeste, no noroeste, tornou-se o primeiro do estado habilitado a exportar para o país asiático. E precisou se adaptar para atender esse novo mercado.
Entre as exigências, estão a idade do boi, que deve ser de até 30 meses e os cortes, que seguem medidas específicas para o mercado chinês e não podem ter mais de 10% de gordura. Além disso, os funcionários devem usar máscaras e o acesso à área de trabalho é feito com portas automáticas. No final do processo de cortes e embalagem, o produto recebe uma etiqueta em português e mandarim.
“Temos hoje uma premiação para esse animal de R$ 10 em relação ao preço normal do boi, isso ajuda a intensificar e ajudar o produtor rural. Do outro lado, a indústria tem um novo mercado, que é esse mercado chinês, um mercado que também tem seus altos e baixos, mas estamos falando de uma China de 1,45 bilhão de habitantes”, diz o dono do frigorífico, Jeremias Silva Júnior.
Quase dois meses depois da habilitação para exportar carne para a China, o país asiático já se tornou o principal mercado do frigorífico de Cruzeiro do Oeste. Das cerca de 90 toneladas de carne que são processadas diariamente, praticamente metade é para o mercado chinês, o que corresponde a uma média de 80 contêineres por mês – e a expectativa é aumentar ainda mais esse número.
O frigorífico tem mil funcionários e abate 700 cabeças de gado por dia. O objetivo é chegar ao limite que a planta tem autorizada, de 900 cabeças diariamente.
“A empresa já está fazendo investimento no sistema de refrigeração para congelar mais produto”, Silva Júnior diz. “Daqui mais 45, 50 dias estaremos ampliando a estrutura de congelamento da empresa e vamos chegar aos 120 contêineres por mês.”
Gustavo Funaya, coordenador técnico do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarne), diz que, entre o início do ano e agora, houve uma expansão de quase 70% na exportação.
As exportações de carne do paraná estão na contramão do que ocorre no restante do país. O Brasil exportou menos carne nos quatro primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo relatório da Associação Brasileira de Frigoríficos, baseado nos números do Governo Federal.
Foram cerca de 640 mil toneladas entre janeiro e abril deste ano, contra cerca de 730 mil no ano passado, uma queda de 12,38%. Na receita, a redução é maior, de 28%. Foi de quase US$ 4 bilhões para aproximadamente US$2,9 bilhões.
“Viemos lutando há três, quatro anos diuturnamente junto às autoridades do Ministério da Agricultura, autoridades chinesas, e justamente quando entramos, está nessa situação ‘anti-ciclíca’”, Funaya diz. “Mas sabemos que é uma situação momentânea e esse mercado deve retomar, a economia chinesa é robusta, ela deve retomar os níveis normais e o que esperamos é que, inclusive, o mercado interno brasileiro também se recupere o mais rápido possível.”(com g1)